Neste texto sobre amplificador de instrumentação, veremos como o amplificador de diferenças pode ser aprimorado para coletar pequenos sinais de baixa intensidade.
No que se refere coletar/acoplar pequenos sinais de baixa intensidade à circuitos de processamento e controle, o amplificador de instrumentação é se não o melhor, o candidato mais indicado nessas horas. Há duas configurações possíveis para o amplificador de instrumentação, sendo que uma é derivado da outra.
Primeira Configuração
Seu circuito é muito intuitivo, visto que sinais por exemplo, a saída de um sensor de temperatura é de baixa intensidade, ou seja, geralmente não é "forte" o suficiente para excitar circuitos de potência ou para chaveamento. Então, o que é feito é conectar dois Amp Op's em configuração seguidor de tensão a cada uma das entradas de sinal do circuito amplificador de diferenças. Isto é feito para oferecer alta impedância de entrada, garantindo que o sinal não perca sua informação.
O circuito de um amplificador de instrumentação, é apresentado na Figura 1 a seguir.
Figura 1 - Primeira Configuração dos AOp Para Instrumentação. |
$$\begin{equation}V_o = -\frac{R_1}{R_2}*(V_1 - V_2)\end{equation}$$
Como pode ser observado pela Figura 1, a relação funcional do circuito ainda é a mesma dada pela equação acima.
Para verificarmos o funcionamento do primeiro circuito amplificador de instrumentação, realizaremos uma simulação de um circuito com um resistor shunt. O resistor shunt é utilizado para obter uma queda de tensão em um circuito, proporcional a corrente que circula pela malha segundo a Lei de Ohm. Os resistores shunt possuem baixa resistência e alta dissipação de potência, no amperímetro digital é comum encontrar resistor shunt.
Propositalmente, a título de simulação, utilizarei um ganho de tensão unitário para o circuito e verificaremos a tensão de saída.
Será aplicado um sinal senoidal de 2,22 V de pico a um divisor de tensão contendo o shunt. O circuito de simulação, pode ser visto na Figura 2 a seguir.
Figura 2 - Esquema de Simulação. |
A Figura 3 a seguir apresenta o sinal de entrada aplicado ao resistor e ao shunt.
Figura 3 - Sinal de Entrada do Circuito |
Figura 4 - Resultado de Simulação do Amplificador de Instrumentação. |
Observe ainda que o sinal de saída obedece a equação:
$$\begin{equation}V_o = -\frac{R_1}{R_2}*(V_1 - V_2)\end{equation}$$
Onde o sinal de saída é defasado do sinal de entrada em 180°, caso seja invertido a entrada do sinal, ou melhor, o menos da equação entrar, teremos:
$$\begin{equation}V_o = \frac{R_1}{R_2}*(V_2 - V_1)\end{equation}$$
Isso significa que trocando a entrada de sinal, mantêm-se a fase do sinal de saída com a do sinal de entrada.
Segunda Configuração
A segunda configuração é muito similar a primeira que foi apresentada, dessa segunda configuração obtêm-se a primeira facilmente. Ao invés de utilizar dois seguidores de tensão utiliza-se dois amplificadores não-inversor. De tal modo que resulte no circuito da Figura 5 a seguir.
Figura 5 - Configuração do Amplificador de Instrumentação Segundo Tipo. |
A dedução da equação do sinal de saída deste circuito não é o escopo deste texto, mas vou dar dicas. Perceba que o amplificador de saída é um simples amplificador de diferenças, então já conhecemos o resultado para este circuito. Basta agora aplicar análise de circuitos à malha formada pelos dois amplificadores não-inversor. Lembre-se nesta etapa que existe o curto-circuito virtual entre as entradas do amplificador, isto ajudará nas deduções das correntes de malha.
Finalmente, considerando os resistores do circuito da Figura 5, tem-se a seguinte equação que expressa a saída em função dos sinais de entrada.
$$\begin{equation}V_o = \frac{R_1}{R_2}*(1 + \frac{2*R_3}{RG})*(V_2 - V_1)\end{equation}$$
Essa configuração tem a vantagem de poder aplicarmos dois ganhos ao circuito, ou até mesmo um ganho controlável. Pode-se fazer combinações de resistores de modo a possibilitar ganhos mais estáveis do sinal de saída.
Agora perceba que, se $R_3$ for zero, o circuito da Figura 5 se tornará o próprio circuito da Figura 1. Ou seja, os circuitos são identicamente o mesmo.
A título de exemplo vamos realizar uma simulação contendo os mesmos dados da simulação anteriormente realizada, tensão máxima de alimentação do shunt de 2,22 V, resistência shunt de 0,11 Ω. Porém a relação entre $R_3$ e $RG$ será de $R_3 = RG/2$. Isso significa que no final, o sinal de saída terá um ganho de duas vezes. Ou seja, ao invés de 0,22 V de saída deveremos ter 0,44 V.
O circuito de simulação pode ser visualizado na Figura 6 a seguir.
Figura 6 - Esquema de Simulação Elaborado. |
Figura 7 - Sinal Obtido na Saída do Amplificador de Instrumentação. |
Estes exemplos de simulação são extremamente simples, mas as aplicações destes circuitos são inúmeras. Por exemplo, no projeto de minha fonte de bancada, projetei um circuito para controle de sobrecorrente e curto-circuito, e para coletar a amostra da corrente utilizei um circuito semelhante aos apresentados para acoplar o sinal medido ao circuito de controle. Sendo esta, apenas um dos vastos usos destes circuitos.
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Referência bibliográfica:
MALVINO, Albert Paul. Eletrônica Vol. 2. 2 ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1987. 276 p
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